É muito comum as pessoas falarem sobre a importância da reforma íntima, no movimento espírita. Esse conceito, inclusive, assume fundamental importância quando se fala em evolução espiritual. Outro ponto chave no Espiritismo é a caridade; sem ela, segundo a codificação, não há salvação. Além destes dois conceitos – reforma íntima e caridade – os espíritos que orientaram Allan Kardec em sua obra também ressaltaram a importância do autoconhecimento.
Vejamos o que diz a questão 919 de O Livro dos Espíritos:
“Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal?
Um sábio da antiguidade vo-lo disse: Conhece-te a ti mesmo.”
Então, penso que temos três fatores que devem ser trabalhados em conjunto, por todo aquele que almeja a renovação espiritual: autoconhecimento, reforma íntima e caridade. Vamos, agora, analisar um pouco cada um destes aspectos.
Autoconhecimento
Tudo começa por aqui. Não adianta você querer reformar algo que mal conhece. Antes de qualquer reforma, é fundamental conhecer aquilo que se deseja transformar. Isso não significa que precisemos ser sábios para iniciarmos a reforma íntima. Na verdade, penso que a sabedoria vem justamente com a mudança interior. Mas a nossa transformação, que ocorre gradativamente, precisa estar alicerçada em um trabalho de investigação interna. Precisamos aprender a olhar para nossa realidade íntima com sinceridade, com imparcialidade, mas também com acolhimento, com carinho, sem autojulgamento e autopunição desnecessários. Na verdade, é impossível você realmente amar o próximo se não ama e não aceita a si mesmo.
Então, precisamos estar constantemente nos autopercebendo, atentos ao que ocorre em nosso mundo interno. O que nos irrita, o que nos causa medo, nos atrai, nos magoa… e como reagimos às diversas situações que surgem na vida. Ou seja: autoconhecimento é a percepção e compreensão dos nossos pensamentos, emoções, sentimentos e ações físicas. É estarmos conscientes da nossa realidade, cada vez mais.
Mudança interior
Conscientes daquilo que sentimos ser a fonte de sofrimento, precisamos mudar nossos hábitos para cessar o sofrimento. Quando digo hábitos, me refiro aos nossos processos psicoemocionais, e não apenas aos nosso comportamento. Somos viciados em emoção, presos a padrões de pensamentos repetitivos que atrapalham nosso amadurecimento espiritual. Então, é preciso boa vontade para mudar, abandonando de vez aquilo que nos faz sofrer.
Caridade
É mais do que assistência social. No fundo, é estarmos de coração aberto, dispostos a acolher aqueles que vêm ao nosso encontro, no dia a dia. É o espírito de gratidão e a vontade de repartir, com todos, as bênçãos da paz que conquistamos. Isso acontece não porque queremos algo em troca, mas porque nossa “alma” pede. Caridade é ter fome de amar!
Autoconhecimento, reforma íntima e caridade. Esses são, na minha opinião, os três pontos chaves da evolução. Precisam ser trabalhados em conjunto, constantemente!”
Por Victor Rebelo